Entre os protocolos para evitar a Covid-19, o consenso é higienizar as mãos (lavar com sabonete e água e ou usar o álcool gel), utilizar corretamente as máscaras faciais e manter o distanciamento social. Mas, fora isso, algumas informações circulam pelo mercado e geram dúvidas. Para facilitar, a revista Higiplus preparou uma lista com o que é fato e o que é fake sobre o tema e consultou alguns especialistas para esclarecer as dúvidas.

FATOS

– Lavar as mãos sempre que tocar ou manusear alguma superfície

A recomendação é higienizar as mãos antes e depois de tocar em algo, principalmente em superfícies de alto contato como: maçanetas, mesas, cadeiras, bancadas, telefones, máquinas de pagamentos, botões de elevadores, torneiras, acionadores de descarga, entre outros.
 

 – Utilizar álcool gel 70% quando não for possível lavar as mãos

É fato.

Mas Fernanda Luppi Gaby, membro da Câmara de Químicos da Abralimp e Application Expert Health Care and Building Care na Diversey, empresa associada Abralimp, esclarece que o processo de higienização das mãos recomendado pela OMS (Organização Mundial de Saúde) inclui o uso de detergente e água com fricção.

O álcool gel entra como um coadjuvante para facilitar o processo em locais onde não é possível a higienização das mãos por algum motivo (locais sem pia, com contaminação da água e etc). “Além disso, sua indicação é para mãos que não tenham sujidades visíveis como graxas, poeira, talco, gordura, entre outras”, destaca a executiva.

 
– Limpar e desinfetar as superfícies tocadas com frequência – principalmente em locais públicos com grande circulação de pessoas

A recomendação é para que a limpeza e desinfecção ocorram com maior frequência em maçanetas, puxadores, mesas, cadeiras, bancadas, telefones públicos, máquinas de pagamentos, botões de elevadores, torneiras, acionadores de descarga.

 

MITOS

1- Cabine para desinfecção de pessoas através de nebulização - Por que é fake?

A solução não é aprovada pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).

Fernanda ressalta que a prática de nebulização em pessoas não é recomendada e não possui aprovação regulatória. A executiva, inclusive, lembra que entidades internacionais e nacionais desencorajam tal medida. 

Sobre o tema a Nota Técnica nº 34/2020, da Anvisa, diz que: em relação ao uso de sistemas de desinfecção por meio de um túnel onde são pulverizados produtos desinfetantes diretamente sobre as pessoas, não existe nenhuma comprovação de que esta medida seja efetiva contra a pandemia de coronavírus. Não existe literatura científica nem recomendação de organismos internacionais, como a Organização Mundial da Saúde sobre esta prática.

“Além disso, tais sistemas ainda submetem desnecessariamente as pessoas aos efeitos adversos dos produtos aplicados”, acrescenta a executiva.
 

2 – Aplicação de luz UV (ultravioleta) para desinfecção - Por que é fake?

Não há comprovação de eficácia.

Paulo Zanin Gregório, gerente nacional de vendas na Spartan do Brasil explica que a luz UV vem sendo utilizada de forma inadequada. “Existem especificações, inclusive pela própria Anvisa a respeito de intensidade de luz, procedimentos de aplicação, cuidados na utilização, entre outros fatores muito relevantes”.

Ele destaca que as informações sobre a medida estão dispostas na Nota Técnica nº 82/2020 da Anvisa, que, inclusive, reitera que a desinfecção exclusivamente por UV não pode substituir a desinfecção de superfícies por métodos tradicionais, já que ela é considerada como auxiliar.
 

3 – Uso de desinfetantes de superfície de longa duração - Por que é fake?

Além de não haver comprovação da eficiência não há aprovação da Anvisa.

Gregório reforça que é arriscado falar da durabilidade de produtos que permanecem por muitos dias nas superfícies com efeito desinfetante. “Os ativos são consumidos por sujidades e microrganismos”, acrescenta.

Ainda segundo o especialista, informar que um produto terá durabilidade pode gerar a falsa sensação de segurança. “Isso pode fazer com que deixemos de higienizar as superfícies com a frequência nas quais devem ser higienizadas”.

O executivo acrescenta: “as áreas de alto contato com a mão ou corpo humano deixam nas superfícies sujidades orgânicas, que devem ser removidas com produtos que tenham o poder de limpeza e desinfecção e, por isso, não devem ficar muito tempo sem limpeza. Portanto, na aplicação de desinfetantes de ação muito prolongada as pessoas não estão limpando as sujidades diárias”.

Outra informação relevante acrescentada à explicação pelo executivo é que os vírus não crescem na superfície, somente no hospedeiro. “O novo coronavírus não prolifera em superfície, por isso não há a necessidade de utilização de produtos com ação prolongada nessas áreas”, arremata Gregório.
 

 4 – Hipoclorito (água sanitária) em tapetes sanitizantes para os pisos de alto fluxo de pessoas - Por que é fake?

A solução não deve ser utilizada em tapetes sanitizantes uma vez que o hipoclorito de sódio não tem boa estabilidade. “Em pouco tempo o percentual de cloro ativo tende a diminuir, afetando sua eficiência na eliminação de microrganismos. Além disso, o hipoclorito não tem uma boa ação de limpeza para aplicação em superfícies com elevado grau de sujidade”, diz Fernanda.
 

5 – Aplicação de ozônio para desinfecção de superfícies - Por que é fake?

O ozônio é perigoso para as pessoas quando utilizado na forma gasosa, já que se trata de um irritante respiratório grave. “Quando inalado pode causar irritação na garganta, tosse, falta de ar, além de inflamar as vias aéreas e agravar doenças como asma e enfisema”, enfatiza Fernanda.

Ao ser aplicado como limpador o ozônio deve estar em solução aquosa para reduzir o risco de exposição direta.


6 – Utilização somente de produtos com o laudo do SARS-CoV-2 - Por que é fake?

Ter laudos para o coronavírus é importante, mas não o suficiente para que um produto cumpra seu papel de desinfetar e eliminar o patógeno. “Podemos ter vários surtos, endemias e pandemias causados por diversos outros tipos de microrganismos como bactérias e fungos. Desse modo são necessários e importantes laudos diferenciais de microrganismos”, conclui Fernanda.

Por isso, como o SARS-CoV-2 pertence a uma categoria de microrganismos menos resistentes a recomendação é utilizar qualquer desinfetante registrado na Anvisa para eliminá-lo.

Fonte: Revista Higiplus