Limpeza em supermercados requer planejamento e processo rigoroso
28-07-2022Higiene das lojas e cuidado com os produtos vendidos em supermercados são dois pontos de destaque na percepção dos consumidores que responderam à pesquisa 2022 Customer Insights – Varejo Alimentar, realizada pela SoluCX.
O resultado contrasta com a avaliação referente às marcas de atacado e atacarejo, cujo NPS médio (Net Promoter Score) indica que esses mesmos itens são os principais pontos negativos da categoria na percepção dos seus clientes. Na média, o segmento de lojas de conveniência e minimercados também não está numa posição confortável aos olhos dos consumidores: a Customer Insights aponta a higiene com potencial para atiçar seus detratores.
“Nunca fomos tão desafiados a rever nossos hábitos de higiene e os métodos de limpeza. Diante das inúmeras doenças, o profissional de limpeza se tornou peça-chave no supermercado assim como em qualquer organização”, afirma Celso Bogler, gerente comercial geral da Copapel no Sul do Brasil, pertencente à plataforma Allia, que presta consultoria de gestão e serviços de higienização em supermercados.
Mas, basta uma única queixa para que o estabelecimento seja alvo de fiscalização e, no limite, tenha as portas fechadas. Para impedir isso e manter os ambientes organizados e limpos, o cuidado com a higiene e a limpeza e a frequência são essenciais. Mas a pandemia ensinou que não basta remover o que está aparente (pó, poeira, fuligem, restos). É preciso limpar o que não se vê (bactérias, fungos, vírus).
“A limpeza não é atividade fim da maioria dos segmentos, caso também do supermercado, mas é atividade meio e necessário para manter o ambiente coletivo de qualquer nível de produção seguro, saudável e com bem-estar”, defende Thiago Lopes, diretor da Câmara de Produtos Químicos da Associação Brasileira do Mercado Limpeza Profissional (Abralimp).
O que fazer
Para fazer bem-feito, é preciso identificar os processos e produtos de melhor custo-benefício para cada setor e descobrir onde a limpeza da loja está falhando, em especial checar as seções de maior rentabilidade, como padaria, hortifrúti e mercearia.
No supermercado, a vassoura deve ser substituída por equipamentos profissionais adequados, no mínimo um mop pó. Já os pulverizadores são indicados especialmente para a assepsia das esteiras de checkout.
Para a limpeza úmida de pisos, mais indicados do que os modelos modernos de mop e panos são as autolavadoras, elétricas ou a bateria, que lavam e secam o chão. “A partir de 1.000 m², elas substituem os mops com ganhos de produtividade”, defende Bogler.
Para quem quer conhecer mais opções, Lopes sugere uma visita à Higiexpo (https://higiexpo.com.br/), a maior feira de produtos e serviços para limpeza, asseio e conservação ambiental da América Latina, que acontecerá de 9 a 11 de agosto, no São Paulo Expo.
As superfícies de alto contato, como nos carrinhos de compras e nas áreas de açougue, peixaria, padaria ou de frios, também merecem atenção especial, bem como os banheiros, que requerem limpeza rigorosa em todos os pontos de contato, como interruptores, pia, dispensers, descarga e vaso sanitário.
“A frequência de limpeza é customizada. Não há um documento que padronize a quantidade de vezes que se deve limpar o ambiente, mas usamos como referência a área de saúde”, indica Lopes. Segundo ele, em ambientes não críticos, o hospital realiza pelo menos uma vez ao dia uma limpeza que inclui o piso e as superfícies de alto contato. Já em áreas consideradas semicríticas, como um banheiro, a ação deve ser feita duas vezes ao dia, subindo para três em casos críticos.
Produtos profissionais
Em relação à escolha dos produtos de limpeza, é importante observar a categorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). “Não é recomendado usar os produtos de uso doméstico. O ideal é buscar os de uso profissional, que suprem a necessidade de limpeza em ambientes de alto fluxo de pessoas”, afirma Lopes.
O cuidado com os insumos é importante para evitar riscos à saúde e para dar velocidade ao serviço, que precisa seguir um plano. Produtos profissionais garantem maior rentabilidade, por serem de alta eficiência na remoção de sujeiras, terem efeito prolongado e secagem rápida. Os alcalinos à base de cloro, de peróxido de hidrogênio ou de quaternário de amônia limpam e desinfetam numa única etapa (ao mesmo tempo) e são, portanto, ideais à área que manipula alimentos.
“A Lei 6.360 define que os químicos saneantes não podem entrar em contato com pele, olhos e vias respiratórias ou digestivas, apenas com superfícies e objetos inanimados. Isso significa que o uso de EPIs é indispensável na manipulação desses produtos”, completa.
"A diferenciação pela Anvisa dos produtos profissionais segundo o uso é o tipo de conhecimento comum às empresas do setor, mas que foge a quem não é prestadora desse serviço”, aponta Lopes. Ele explica: “Em ambientes coletivos comuns, deve-se usar um produto categorizado para uso geral. Nas áreas de manipulação de alimentos perecíveis, o ideal são os destinados a esse fim”, diz.
Planos de higiene e procedimentos
Olhando para o supermercado como um ambiente de constante atividade, Bogler atenta ainda para o cuidado com a condução de pallets em meio aos corredores. “Eles deixam resíduos e comprometem a limpeza. Precisamos estabelecer barreiras de contenção de sujidades”, adverte. Para reter os resíduos, indica, é fundamental ter tapetes tanto na entrada da loja quanto entre o depósito e a loja.
Assim como as áreas de recebimento e depósito, os vestiários e banheiros usados pelos colaboradores e as áreas de food service devem receber a mesma limpeza rigorosa. “Há toda uma preocupação com a segurança alimentar, da forma como preconiza a Resolução 216 da Anvisa”, lembra Bogler.
A melhor solução é a elaboração de planos de higiene e procedimentos operacionais padrão que indiquem em cartazes bem didáticos para as equipes de cada setor o produto a ser usado, para que serve, qual a diluição e os EPIs necessários. “A higienização precisa ser rápida e eficiente”, finaliza Bogler.
Fonte: Sincovaga SP