Há longo tempo que a higienização das mãos vem sendo discutida como meio para prevenir infecções. Em 1847, registra-se a iniciativa do primeiro médico que percebeu que essa simples atitude poderia ter impacto nas taxas de letalidade da época. O húngaro Ignaz Semmelweis (1818-1865), que trabalhava no Hospital Geral de Viena, foi o propulsor do procedimento que hoje, com a pandemia, tornou-se chave-mestra contra o coronavírus.
Retomando a história, na época, o hospital de Viena tinha duas clínicas para partos: uma usada no ensino de jovens médicos e outra para o treinamento de parteiras. A morte de mulheres pela chamada febre puerperal, pós-parto, era comum. Mas o médico começou a observar uma grande diferença de mortalidade entre as parturientes atendidas por estudantes de medicina e as que eram cuidadas por parteiras. Entre essas últimas, a letalidade era de menos de 4%, ao passo que na outra faixa o índice chegava a 16%.
Por coincidência, no mesmo período, outro médico, amigo de Semmelweis, morreu depois de ter sido ferido acidentalmente pelo bisturi de um dos estudantes durante um exame de necropsia. Ao fazer a autópsia, Semmelweis notou que ele morrera de enfermidade muito parecida à que acometia as parturientes. Concluiu que médicos que faziam autópsias estariam levando “partículas cadavéricas” nas mãos dos acadêmicos e profissionais de medicina, os quais saíam da sala de autópsia diretamente para realizar partos.
Isso explicava por que parteiras tinham percentuais mais baixos – elas não participavam das autópsias.
E é nesse momento que surge a mudança de paradigmas. O médico estabeleceu uma nova política: os alunos deveriam lavar as mãos após a autópsia, antes de atender às parturientes. Em um mês, a incidência de mortes caiu para menos de 1%.
Passaram-se alguns anos até que o francês Louis Pasteur confirmasse a teoria dos germes e o britânico Joseph Lister começasse a colocá-la em prática nas cirurgias.
Desde então, as mãos dos profissionais de saúde vêm sendo implicadas como fonte de transmissão de microrganismos na assistência à saúde. E a higienização das mãos passou a ser considerada a medida mais simples, mais eficaz e menos dispendiosa para prevenir e controlar infecções relacionadas aos cuidados em saúde.
Já é fato que os profissionais da saúde são parte fundamental no processo de controle e prevenção de infecções. Médicos e enfermeiros utilizam as mãos como principal instrumento de trabalho, tornando-as o principal veículo de transmitir microrganismos, fazendo um elo entre profissional, ambiente e paciente. Mas a importância na prevenção da transmissão de microrganismos é baseada na capacidade da pele de abrigar microrganismos e transferi-los de uma superfície para outra, por contato direto, pele com pele, ou indireto, por meio de objetos e superfícies do ambiente. Temos nas mãos a capacidade de fazer a prevenção e o controle de infecções também voltados para a rotina de nossa vida diária, quer seja na nossa casa, nas escolas, no nosso trabalho e em lugares públicos.
O ambiente coletivo desses locais proporciona grande circulação e transmissão de agentes patogênicos. O aumento dos casos de doenças em crianças institucionalizadas tem sido associado a fatores como a aglomeração e contato próximo com outras pessoas, hábitos que facilitam a disseminação de doenças como levar as mãos e objetos à boca, incontinência fecal e falta de higiene das mãos. Todos os anos, milhões de crianças sofrem de doenças infecciosas, como diarreia e infecções respiratórias agudas, e um número significativo vai a óbito. Lavar as mãos é ato reconhecido pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como um dos principais instrumentos contra epidemias.
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